América Latina: «Como crianças diante de Deus»

«E se cantarmos juntos?» Alguns amigos se “reúnem” online, como é possível em tempos de Coronavírus, «para compartilhar, de onde estamos, um tesouro»
Paula Giovanetti

Estes dias de quarentena têm posto em evidência nossa necessidade de amizade, de beleza, de relações verdadeiras, que atravessem a distância.

Quando Marcela Bertelli nos escreveu para dizer: «E se cantarmos juntos? Cada um de sua casa, de sua circunstância...» eu lhe disse imediatamente que sim, porque necessitamos uns dos outros. Que músicas falam do que estamos vivendo agora? Pensei imediatamente na música de Violeta Parra, Volver a los 17, pois, para mim, ela reflete nossa fragilidade, tão evidente agora. «Voltar a ser de repente tão frágil como um segundo, voltar a sentir no fundo como uma criança diante de Deus.» Nestes dias é cada vez mais claro sentir que nossa vida é frágil, e que precisa ser sustentada por um imenso abraço. Somos como crianças diante de Deus.



Depois Todo cambia, sugeriu Marcela, a bonita canção de Julio Numhauser: «Mas não muda o meu amor, por mais longe que eu me encontre, nem a memória, nem a dor do meu povo, da minha gente...» Porque não é a distância que define nossas relações, mas sim o amor. E este amor é um tesouro que compartilhamos de onde estamos…

Com essa certeza, começamos a pensar em amigos que, já sabemos, estariam em sintonia conosco. Amigos que precisamos em nossas vidas: Javier, Cae, Carlos (que é também o editor dos vídeos!) e Álvaro (Chile), Carolina, Lalo e Santiago (Argentina) Alejandra (Uruguai), Andrea e Francisco (Venezuela), Catalina (Colômbia), Tatá, Nane, Chico Lobo, Carol, Ney e a pequena Helena (Brasil), Freddy (Paraguai)... Todos disseram que sim, e foi um sinal de estar em meio a um povo que tem a Beleza no centro da amizade.

Quando começamos a nos conectar, agradecidos de estarmos uns diante dos outros, surgiu logo uma nova música: Romaria, de Renato Teixeira: «Como não sei rezar, só queria mostrar meu olhar». Pedir juntos que Nossa Senhora ilumine toda a obscuridade de nossa vida, que nos conduza em nosso caminhar. Porque pedir é a atitude mais realista destes dias, como crianças que somos diante de Deus.

LEIA TAMBÉM - A música, a beleza e os olhos de David

Já começamos com a primeira música, talvez com pequenos erros, sem pretensão de perfeccionismo, mas com o desejo mais profundo de uma beleza e um bem para todos, que nos volte a unir em um abraço que atravesse todas as distâncias para dizer: «Você é precioso para mim!»